terça-feira, 14 de setembro de 2010

Propostas para a Educação

Os indicadores de que dispomos mostram que o quadro da educação no Brasil é crítico. Como as mudanças em educação são lentas, precisamos atacar o problema imediatamente, sob pena de comprometermos o desenvolvimento do país pelas próximas gerações.
Uma análise mais aprofundada não deve se ater apenas aos aspectos quantitativos. São muitos os desafios a serem enfrentados. O maior deles é uma mudança na postura dos envolvidos no processo educacional:
Quem leciona sabe que a sala de aula deixou de ser um espaço que estimula a curiosidade e o senso crítico. Alunos e professores acabam se conformando com a aula expositiva tradicional, de cuspe, giz e caderninho. Essa atitude está se generalizando, inclusive na universidade.
A aprendizagem compete com o esporte, a balada, a mídia digital, o namoro e tantas outras atividades. O processo de socialização do adolescente mudou e esse é um fato positivo. Devemos tornar a atividade de aprender tão prazerosa quanto as outras.
A valorização da educação pode e deve vir da própria família. Pais que valorizam a cultura, o conhecimento, a atividade artística induzem nos filhos os mesmos interesses.
A própria sociedade tem um papel a cumprir nessa valorização. O professor deveria ter um salário condizente com o tempo que ele investe em sua formação e com o valor que agrega, transmitindo conhecimento.
Hoje em dia, proliferam os cursos superiores destinados às classes C e D, formando profissionais que não atendem às exigências da sociedade. São verdadeiras fábricas de diplomas. Essa visão mercantilista da educação deveria ser enfrentada com uma fiscalização mais exigente.
O Brasil tem uma tradição bacharelesca, herança de nosso passado escravista, que privilegia o diploma universitário. É necessário oferecer mais e melhores cursos técnicos de nível médio, melhorando a qualificação de nossa mão de obra. Há uma grande demanda, que, se atendida, resultará numa melhoria da distribuição de renda e num ponto de apoio para o nosso desenvolvimento.
A escola pública de primeiro e segundo graus se ressente ainda de melhores condições materiais. No afã de se melhorarem os indicadores numéricos, várias medidas equivocadas foram tomadas. As salas de aula funcionam com 40 ou mais alunos e já se fala em colocar dois professores nessa mesma sala, ao invés de se pensar em salas menores.
Em Belo Horizonte, vimos a implantação equivocada da Escola Plural, sem uma maior discussão. Por trás de um discurso aparentemente progressista, havia o desejo de contornar o problema da reprovação, que forçava a contratação de mais professores e o aumento do número de salas de aula.
Em relação à pedagogia, houve um claro retrocesso. A alfabetização, que era um processo natural, transformou-se num problema. Ela começa prematuramente e se estende pelo primeiro grau afora. A quantidade de analfabetos funcionais é assustadora.
Os testes do ENEM mostram que o nível da leitura só é satisfatório quando é cobrada uma informação explicitada no texto. Quando é necessário retirar uma inferência do texto, os índices estão muito abaixo do desejável.
Não é necessário dizer que a educação é um processo continuado e que a baixa qualidade do ensino de primeiro e segundo grau se reflete na Universidade.
Uma das causas dessa queda de qualidade é a própria massificação do ensino. Com a crescente urbanização e com o crescimento da renda das famílias, aumentou a demanda por educação, o que é positivo.  Esse aumento forçou um crescimento extensivo, em detrimento da qualidade.
A educação básica é responsabilidade do estado e do município. Por culpa de nosso sistema tributário injusto, alguns municípios mal geram receitas para pagarem os seus professores. Uma reforma tributária que corrija essas distorções é um dos pré-requisitos para a melhoria de nosso ensino.
No âmbito federal, cabe à União a atividade normativa e fiscalizadora. Nossa atuação será no sentido de promover, através da legislação pertinente, uma educação de qualidade, melhorando a formação de nossos professores e dando aos estados e municípios maior participação, tantos nos recursos, quanto nos processos decisórios. Em relação à Universidade, lutaremos para deter a mercantilização do ensino, impedindo a proliferação de cursos sem a qualificação necessária. Defendemos a gratuidade do ensino superior e a ampla oportunidade de acesso, que deve se dar através da melhoria da escola pública de primeiro e segundo graus. 

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